Chegamos
em La Serena ainda cedo. O trajeto foi curto, a paisagem de deserto
começou a mudar e a vegetação foi aparecendo mais densa. O verde
foi substituindo o bege, os ventos continuaram.
Buscamos
pela orla da cidade e paramos as motos para começar a jornada de
busca por hotéis. Havia uma convenção naquele dia e vários hotéis
estavam ou cheios ou com os preços nas alturas. Enquanto eu estava
pulando de hotel em hotel, os que estavam cuidando das motos foram
abordados por um rapaz, oferecendo cabanas para pernoite.
Decidimos
ver essa cabana e gostamos. Era diferente de todos os lugares onde
pernoitamos até agora. Não havia desayuno, mas era espaçosa e
aconchegante, e perto do mar. Ficamos por lá mesmo. Estacionamos as
motos, arrumamos as bagagens e corremos para a orla, na esperança de
poder enfim entrar de cabeça no Pacífico e ver o tão esperado por
do sol no mar.
Cabana com sistema de massagem natural.
A
praia era diferente, quase não havia areia, mas sim conchas, várias
conchas. O mar estava calmo e ninguém se banhando, apenas alguns
surfistas, o que me encorajou a entrar. Fui o único.
Mais conchas que areia.
Nublado, mas com clima bom.
Curiosamente,
o mar aqui é menos salgado que o do Brasil. E a água não é tão
fria quanto eu esperava. Foi um bom banho, merecido.
Missão cumprida.
Ainda
tínhamos tempo até o pôr do sol, então fomos andar mais um pouco
pela orla, buscando um lugar para comer. La Serena é grande, não
conseguiríamos rodar por toda a orla, então decidimos voltar para
um local mais perto da cabana e esperar pelo por do sol num
restaurante lá perto, na orla mesmo.
Aguardando o mergulho.
Foi
a primeira vez que comi carne de carneiro, já que as únicas opções
eram o carneiro ou porco. Vamos de carneiro então. Do restaurante
tínhamos uma bela vista do mar e do Sol, que descia quase livre das
nuvens. O paredão continuava lá, mas dessa vez havia uma pequena
brecha, onde talvez conseguíssemos ver pelo menos parte do sol
mergulhando.
Foi por pouco, mas vimos.
Depois
do espetáculo, nos despedimos do mar e voltamos para a cabana, com
uma latinha de café solúvel e algumas galetitas para o café da
manhã no dia seguinte.
Tomamos
banho e quando nos preparávamos para dormi, sentimos algo estranho,
parecia vir do mar, e logo em seguida tudo começou a tremer. Nosso
primeiro tremor de verdade, já que o de Antofagasta foi na madrugada
e eu achei que estava apenas passando mal.
A
garrafa de água que compramos caiu da mesa, os capacetes que estavam
amontoados se separaram aos poucos e quase cairam também. Todos
ficamos assustados naquele momento. Mas logo passou e a euforia
apareceu. Eu adorei ter sentido aquele tremor. Afinal, essa viagem
era exatamente para isso, ter experiências que não temos no Brasil.
Susto
passado, tiramos as coisas de lugares altos, e voltamos a dormir. Mas
la veio aquela sensação estranha vindo do mar outra vez. Dessa vez
mais forte e mais demorado. Só que agora estávamos “preparados”.
Em vez de susto, eu senti ainda mais euforia. Já estávamos na cama
quando o segundo tremor apareceu, e mesmo depois dele ter terminado,
a cama continuou a chacoalhar. Mas dormimos.
Na
madrugada ainda ocorreu um outro tremor, mas dessa vez não acordei.
O cansaço havia tomado conta.
Acordamos,
preparamos o café, prendemos os baús nas motos e seguimos para
nossa ultima cidade no Chile, a capital Santiago.
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