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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Ao Chile numa moto - 5º dia

Acordamos com a bela vista da Cordilheira. Desayuno seguindo o mesmo molde dos anteriores, bem servido mas regrado. Por ali não havia posto de combustível, seguimos com a intenção de abastecer em Susques, a 140 km dali.

Cores da Cordilheira dos Andes

Agora sem chuva a paisagem mostrava toda sua beleza. E que beleza. Parecia que estávamos em outro mundo. A cordilheira é multicor, com muitas curvas. A fauna e flora da região encantam.

Paletas mil.

Cuidado! Lhamas na pista.

Na argentina chegamos a uma altitude de 4170 metros. Local devidamente sinalizado que acabou virando uma das atrações turísticas da região. Cuidado com o mal da altitude. Tirar fotos com o timer da câmera não é uma boa ideia. A corridinha até a pose vai te fazer ficar sem ar e até ter tonturas. Mas esse não será o ponto mais alto do dia.

Falta ar, mas não falta emoção.

Nessa região, mesmo com o sol a pino, o frio impera. Muito frio. Até então havíamos passado por temperaturas de até 8° C. Tudo mudaria quando cruzássemos a fronteira.

Antes da fronteira havia o Salar Salinas Grandes. Pode ser vista ao longe, como um grande clarão no meio da estrada. Lá há um restaurante todo feito de sal, mas estava desativado quando chegamos. Essa região está em obras, o trecho que passa no meio do salar não está pavimentado, aqui sim se parece com o rípio, pois há muitas pedras, porém ainda sim, não exige habilidades off road. Não sei se por conta disso o local das Salinas estavam com o um tom mais para marrom do que para branco, só se via o sal branquinho quando cavávamos um pouco da terra de cima.

Sal, sal para todo lado.

Logo após a Salinas Grandes, chegamos a Susques. Não entramos na cidade, mas deu para perceber que é bem pequena, com poucas opções de pousadas. Mas havia um posto, que não tem cara de posto, com apenas duas bombas, com nafta 98 octans. Abastecemos sob uma ventania sem igual, quase não conseguíamos ficar parados. Comemos umas galetitas e continuamos rumo a fronteira.

Chegando na fronteira, Paso de Jama, abastecemos mais uma vez, depois dali só pararíamos em San Pedro do Atacama, no Chile. A ventania continuou, o frio também. Estávamos ainda na altitude, não sei bem a quantos metros acima do nível do mar, mas o efeito do mal da altitude era presente. Leve, sim, mas presente.

Enquanto abastecíamos, um ônibus de turismo chegou na aduana em nossa frente, tivemos que aguardar todos os passageiros do grupo para fazer o nosso trâmite. Levou cerca de 30 minutos esperando. A documentação exigida foi a mesma. Passaporte e documento da moto. Mais nada. Só que dessa vez haviam mais passos.

Primeiro apresentamos os passaportes e tivemos que preencher um formulário, com nossos dados pessoais, dados da moto, de onde estávamos vindo, para onde estávamos indo, quando tempo ficaríamos no Chile, etc etc. Esse papel foi carimbado no guichê seguinte e ganhamos mais outro formulário, um menorzinho, que também teve que ser preenchido, carimbado e guardado. Deveríamos apresentar esses dois formulários, um da moto e outro dos passageiros (no meu caso, um para mim e outro para a minha esposa, a única garupa) na saída do Chile. Além desses dois formulários, havia um outro papel, esse só com carimbos, que deveríamos apresentar ali mesmo, na saída da aduana. Cuidado com a ventania, para não perdê-lo.

O tramite final fica por conta da vistoria na bagagem. Um fiscal escolhe aleatoriamente um dos baús e te pede para abrir. Escolheu o meu baú traseiro, e olhou superficialmente, “o que é isso, o que é aquilo, tá ok.”. Ele me perguntou se estava levando algum tipo de comida. Não podemos entrar com frutas ou alimentos perecíveis no Chile. Eu só tinha barrinhas de cereais e biscoitos. Não fizeram questionamentos sobre medicamentos, também não disse que estava levando uma farmacinha, rsrs. Enquanto guardávamos os documentos nos baús, encontramos mais uma vez com o grupo de Brasília. Agora eram apenas 3. Descobrimos o paradeiro do outro mais tarde, naquele mesmo dia.
Motos liberadas, papelzinho carimbado entregue, vamos tirar fotos na placa.

Segunda divisa da viagem.

Os adesivos são atualizados periodicamente...

Entramos no Chile e passamos frio, muito frio, rodamos com as motos de lado por causa dos fortes ventos. O GPS indicou altitude de 4800 metros acima do nível do mar. O painel da moto mostrou 3.5° C. E eu quase congelei. O frio só deu uma trégua quando começamos a descer, e descemos rápido.

3.5º lá em cima, mas a descida logo chega e o frio some.


Enquanto descíamos podemos ver ao longe o vulcão Licancabur, e várias outras formas de paisagem que o local proporciona. Paramos num local estratégico para fazer fotos “ao lado” do vulcão e continuamos seguindo para San Pedro de Atacama. O sol estava se pondo, e ainda precisávamos encontrar um hotel.

O fotogênico Licancabur

Chegando na entrada de San Pedro de Atacama há uma aduana, mas não precisamos parar, pois já fizemos todo o tramite no Paso de Jama.

Enquanto procurávamos um lugar para estacionar as motos e buscar por um hotel, fomos abordados por um grupo de motociclistas chilenos, que estavam a pé, querendo saber como estava as condições climáticas no Paso de Jama. Informei que estava bom, muito frio, muito vento, mas bom. Eles nos retribuíram o favor indicando um bom hotel.

As ruas de San Pedro são bem sinalizadas, várias possuem mão única, e todos seguem a risca as leis de transito. Pare é pare. Não é reduza. É pare. Ponto morto, pé no chão, olha para um lado, olha para o outro, e só então, siga. Algumas ruas não permitem estacionamento, então a dica é, pare no estacionamento de algum hotel, busque o preço dele, se não gostar, deixe a moto lá e olhe os outros. São todos muito perto. Para a nossa sorte, o hotel que o chileno havia indicado ainda tinha vagas, e gostamos do preço e habitações.

Motos estacionadas, bagagem removida. Hora do banho e descanso para aproveitar as belezas do Atacama.

Já a noite fomos procurar um lugar para jantar. Não procuramos muito, pois já estava ficando tarde e os restaurantes fechando. Acabamos por escolher o mesmo que o grupo de Brasília. Conversando com os 3 amigos, descobrimos que um deles teve problemas com a relação de sua BMW GS 650. Acionaram o suporte da própria BMW, que prontamente socorreu o cliente e o levou de táxi até a cidade de Salta. Eles combinaram de se encontrar em San Pedro, quando a moto ficasse pronta, mas o dono da GS não quis seguir viagem, avisou os amigos via mensagem eletrônica que voltaria para o Brasil dali mesmo, de Salta. Uma pena, imprevistos como esse pode desestabilizar o emocional de qualquer um, e melhor seguir a intuição. Despedimos dos amigos de Brasília, terminamos nossa janta e voltamos ao hotel para dormir. O dia seguinte seria o primeiro sem as motos. Vamos passear.

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