Acordamos
com a bela vista da Cordilheira. Desayuno seguindo o mesmo molde dos
anteriores, bem servido mas regrado. Por ali não havia posto de
combustível, seguimos com a intenção de abastecer em Susques, a
140 km dali.
Cores da Cordilheira dos Andes
Agora
sem chuva a paisagem mostrava toda sua beleza. E que beleza. Parecia
que estávamos em outro mundo. A cordilheira é multicor, com muitas
curvas. A fauna e flora da região encantam.
Paletas mil.
Cuidado! Lhamas na pista.
Na
argentina chegamos a uma altitude de 4170 metros. Local devidamente
sinalizado que acabou virando uma das atrações turísticas da
região. Cuidado com o mal da altitude. Tirar fotos com o timer da
câmera não é uma boa ideia. A corridinha até a pose vai te fazer
ficar sem ar e até ter tonturas. Mas esse não será o ponto mais
alto do dia.
Falta ar, mas não falta emoção.
Nessa
região, mesmo com o sol a pino, o frio impera. Muito frio. Até
então havíamos passado por temperaturas de até 8° C. Tudo mudaria
quando cruzássemos a fronteira.
Antes da
fronteira havia o Salar Salinas Grandes. Pode ser vista ao longe,
como um grande clarão no meio da estrada. Lá há um restaurante
todo feito de sal, mas estava desativado quando chegamos. Essa região
está em obras, o trecho que passa no meio do salar não está
pavimentado, aqui sim se parece com o rípio, pois há muitas pedras,
porém ainda sim, não exige habilidades off road. Não sei se por
conta disso o local das Salinas estavam com o um tom mais para marrom
do que para branco, só se via o sal branquinho quando cavávamos um
pouco da terra de cima.
Sal, sal para todo lado.
Logo
após a Salinas Grandes, chegamos a Susques. Não entramos na cidade,
mas deu para perceber que é bem pequena, com poucas opções de
pousadas. Mas havia um posto, que não tem cara de posto, com apenas
duas bombas, com nafta 98 octans. Abastecemos sob uma ventania sem
igual, quase não conseguíamos ficar parados. Comemos umas galetitas
e continuamos rumo a fronteira.
Chegando
na fronteira, Paso de Jama, abastecemos mais uma vez, depois dali só
pararíamos em San Pedro do Atacama, no Chile. A ventania continuou,
o frio também. Estávamos ainda na altitude, não sei bem a quantos
metros acima do nível do mar, mas o efeito do mal da altitude era
presente. Leve, sim, mas presente.
Enquanto
abastecíamos, um ônibus de turismo chegou na aduana em nossa
frente, tivemos que aguardar todos os passageiros do grupo para fazer
o nosso trâmite. Levou cerca de 30 minutos esperando. A documentação
exigida foi a mesma. Passaporte e documento da moto. Mais nada. Só
que dessa vez haviam mais passos.
Primeiro
apresentamos os passaportes e tivemos que preencher um formulário,
com nossos dados pessoais, dados da moto, de onde estávamos vindo,
para onde estávamos indo, quando tempo ficaríamos no Chile, etc
etc. Esse papel foi carimbado no guichê seguinte e ganhamos mais
outro formulário, um menorzinho, que também teve que ser
preenchido, carimbado e guardado. Deveríamos apresentar esses dois
formulários, um da moto e outro dos passageiros (no meu caso, um
para mim e outro para a minha esposa, a única garupa) na saída do
Chile. Além desses dois formulários, havia um outro papel, esse só
com carimbos, que deveríamos apresentar ali mesmo, na saída da
aduana. Cuidado com a ventania, para não perdê-lo.
O
tramite final fica por conta da vistoria na bagagem. Um fiscal
escolhe aleatoriamente um dos baús e te pede para abrir. Escolheu o
meu baú traseiro, e olhou superficialmente, “o que é isso, o que
é aquilo, tá ok.”. Ele me perguntou se estava levando algum tipo
de comida. Não podemos entrar com frutas ou alimentos perecíveis no
Chile. Eu só tinha barrinhas de cereais e biscoitos. Não fizeram
questionamentos sobre medicamentos, também não disse que estava
levando uma farmacinha, rsrs. Enquanto guardávamos os documentos
nos baús, encontramos mais uma vez com o grupo de Brasília. Agora
eram apenas 3. Descobrimos o paradeiro do outro mais tarde, naquele
mesmo dia.
Motos
liberadas, papelzinho carimbado entregue, vamos tirar fotos na placa.
Segunda divisa da viagem.
Os adesivos são atualizados periodicamente...
Entramos
no Chile e passamos frio, muito frio, rodamos com as motos de lado
por causa dos fortes ventos. O GPS indicou altitude de 4800 metros
acima do nível do mar. O painel da moto mostrou 3.5° C. E eu quase
congelei. O frio só deu uma trégua quando começamos a descer, e
descemos rápido.
3.5º lá em cima, mas a descida logo chega e o frio some.
Enquanto
descíamos podemos ver ao longe o vulcão Licancabur, e várias
outras formas de paisagem que o local proporciona. Paramos num local
estratégico para fazer fotos “ao lado” do vulcão e continuamos
seguindo para San Pedro de Atacama. O sol estava se pondo, e ainda
precisávamos encontrar um hotel.
O fotogênico Licancabur
Chegando
na entrada de San Pedro de Atacama há uma aduana, mas não
precisamos parar, pois já fizemos todo o tramite no Paso de Jama.
Enquanto
procurávamos um lugar para estacionar as motos e buscar por um
hotel, fomos abordados por um grupo de motociclistas chilenos, que
estavam a pé, querendo saber como estava as condições climáticas
no Paso de Jama. Informei que estava bom, muito frio, muito vento,
mas bom. Eles nos retribuíram o favor indicando um bom hotel.
As ruas
de San Pedro são bem sinalizadas, várias possuem mão única, e
todos seguem a risca as leis de transito. Pare é pare. Não é
reduza. É pare. Ponto morto, pé no chão, olha para um lado, olha
para o outro, e só então, siga. Algumas ruas não permitem
estacionamento, então a dica é, pare no estacionamento de algum
hotel, busque o preço dele, se não gostar, deixe a moto lá e olhe
os outros. São todos muito perto. Para a nossa sorte, o hotel que o
chileno havia indicado ainda tinha vagas, e gostamos do preço e
habitações.
Motos
estacionadas, bagagem removida. Hora do banho e descanso para
aproveitar as belezas do Atacama.
Já a
noite fomos procurar um lugar para jantar. Não procuramos muito,
pois já estava ficando tarde e os restaurantes fechando. Acabamos
por escolher o mesmo que o grupo de Brasília. Conversando com os 3
amigos, descobrimos que um deles teve problemas com a relação de
sua BMW GS 650. Acionaram o suporte da própria BMW, que prontamente
socorreu o cliente e o levou de táxi até a cidade de Salta. Eles
combinaram de se encontrar em San Pedro, quando a moto ficasse
pronta, mas o dono da GS não quis seguir viagem, avisou os amigos
via mensagem eletrônica que voltaria para o Brasil dali mesmo, de
Salta. Uma pena, imprevistos como esse pode desestabilizar o
emocional de qualquer um, e melhor seguir a intuição. Despedimos
dos amigos de Brasília, terminamos nossa janta e voltamos ao hotel
para dormir. O dia seguinte seria o primeiro sem as motos. Vamos
passear.
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