Acordamos
às 4h, tomamos o desayuno previamente preparado pelo dono do hotel e
fomos para a porta aguardar o Carlos chegar com a van.
Subimos
a uma altitude de aproximadamente 4300 metros, num frio de – 9.6°C.
Foi a primeira vez que experimentei uma temperatura abaixo do 0.
Dessa vez fomos bem agasalhados. Eu vesti praticamente todas as
minhas roupas, mais a roupa de cordura que utilizo ao pilotar, uma
balaclava, touca e luvas. Não passei frio.
Quase frio...
Os
gêisers não jorram água a uma altura considerável, mas o vapor ,
esse sim , vai bem alto.
Ninjas
No local
há uma piscina natural, de água quente onde os mais corajosos se
aventuram. Eu adoro água, não podia ficar de fora. Assim que me
despi e fiquei só de sunga para encarar a água, não senti tanto
frio, acho que era a expectativa que me aquecia. Assim que entrei na
água fiquei totalmente relaxado, a sensação da água quente e ver
todo mundo do lado de fora parecendo um grupo de esquimós era
estranha. Não parecia que dividíamos o mesmo espaço.
Percebi
que a maioria dos que se atreviam a entrar na água eram europeus. O
ponto mais disputado da piscina era no começo dela, por onde a água
chegava, bem mais quente que na parte mais funda. Por lá, a
temperatura era tão alta que eu mal conseguia ficar parado ou tocar
o chão, todo em pedras, quase fervendo. Decidi ficar no meio, onde a
temperatura era mais agradável.
Piscina aquecida naturalmente.
Sair da
piscina foi mais complicado que entrar, ali o choque térmico foi
grande. Rapidamente me sequei e vesti todas as camadas de roupas que
tinha, exceto a de cordura, já não fazia tanto frio como quando
chegamos.
Tomamos
um café da manhã por ali mesmo e depois seguimos para ver outros
gêisers, alguns com força para jogar água por quase 2 metros de
altura.
Geisers de todo tipo.
Nosso
guia nos contou que a alguns meses, uma turista faleceu ao cair numa
das fontes de água quente enquanto fazia fotos do local. Hoje temos
pedras delimitando os locais seguros por onde podemos passar, sem
correr o mesmo risco.
Saímos
da região dos gêisers e seguimos até o povoado de Machuca, uma
vila antiga de criadores de Lhamas, como chegamos tarde, não tivemos
a oportunidade de provar um espetinho de carne de Lhama.
Machuca
Voltamos
para o hotel, e fomos buscar um local para almoçar. Descansamos e já
nos preparamos para o último passeio, a visita a Laguna Cejar.
Encontramos
com o Carlos na porta da ‘oficina’ e de lá partimos para a
Laguna Cejar, no meio do Salar do Atacama. Sua concentração de sal
é tão intensa que o nível de flutuação é maior que o do Mar
Morto. Localizado a apenas 20 km de San Pedro e praticamente na mesma
altitude, o clima é agradável, não faz frio, e o convite ao banho
é inevitável.
A dica
do Carlos foi somente essa, não mergulhe, não molhe a cabeça. Há
tanto sal na água que você se sente petrificado ao sair da água.
Não queria nem imaginar uma gota daquela água caindo em meus olhos.
A força que a água faz ao te empurrar para cima é enorme. Não dá
para afundar. Ainda bem, porque a profundidade da lagoa é
desconhecida. Só tenha cuidado com a câmera, essa afunda com
facilidade.
Boiando sem esforço.
Saímos
do banho na Laguna e corremos para tirar o sal com água doce,
gelada, disponível ao lado dos banheiros que há no local. Por mais
que tentamos, o sal não sai fácil, tiramos o que deu, trocamos a
roupa de baixo e voltamos a nos agasalhar, pois o vento quando
começa, traz com ele aquela sensação térmica de muito frio.
Seguimos
então para os Ojos del Salar. Duas lagoas de água doce que do alto
se parece com olhos no meio do Salar do Atacama. É possível se
banhar por lá também, mas não arriscamos. Tiramos algumas fotos no
meio do Salar e continuamos até a Laguna
Tebinquiche, onde
pudemos ver o por do sol acompanhado de uns snacks e suco, ou Pisco
Sour, para os que sentem saudades da caipirinha brasileira.
Um dos ojos...
Aguardando mais um por do Sol.
Com
esse passeio terminamos nossa aventura por San Pedro de Atacama. Por
lá encontramos vários outros motociclistas brasileiros, incluindo
os paulistas que conhecemos em Campo Mourão. Esse grupo me disse que
só iriam até ali. Não chegariam nem mesmo a seguir até a Mão do
Deserto. Voltariam pelo mesmo caminho da vinda, com um pequeno desvio
até a entrada da Bolívia.
Um
outro motociclista que conhecemos foi o Coronel Motta Lima, um
conterrâneo, de Salvador, que estava viajando sozinho em sua Yamaha
Super Tenere 1200cc. Voltaríamos a encontrar o Motta em Antofagasta,
e em Caldera, onde nos despediríamos e continuaríamos os contatos
apenas por WhatsApp, pois ele iria mais ao sul do Chile, sem datas
para retorno ao Brasil.
Conterrâneo Coronel Motta Lima.
Também
fizemos amizade com um casal dinamarquês, o George e a Lene, que
estão cruzando o Chile e a Argentina de carro.
O simpático casal Dinamarquês, George e Lene.
A
noite no hotel foi para reorganizar as coisas dentro dos baus e
voltar a rotina da estrada, despedindo das belezas de San Pedro, mas
continuando a percorrer o grande Atacama.
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